Embora pouco, ainda há movimento nas ruas de Santa Maria

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Foto: Pedro Piegas (Diário)

Para um sábado de manhã, daria para se dizer que o movimento no centro de Santa Maria estava pouco. No entanto, essa seria uma observação normal, caso esse fosse um final de semana como qualquer outro, sem restrições para sair de casa, devido à prevenção de contágio com o novo coronavírus. Mas o que se percebe é que, mesmo com as recomendações dos médicos, ainda há pessoas nas ruas, algumas por necessidade, outras a passeio.

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Nas paradas de ônibus, vemos pessoas de todas as faixas etárias, inclusive de idosos, que fazem parte do grupo de risco.

Já na Rua do Acampamento e no Calçadão, onde se concentra boa parte do comércio de Santa Maria, as lojas permanecem fechadas, assim como no restante da cidade, conforme o decreto da prefeitura, emitido na semana passada. Desta forma, o trânsito de pessoas limita-se bastante.

Idosos
O aposentado Luis Carlos Gonçalves, 69 anos, comenta que tem acompanhado as notícias relativas ao perigo do coronavírus para os idosos. Mesmo assim, admite que sai de casa, ao menos uma vez por dia, três vezes por semana: 

- A gente fica com medo, mas sai igual. Tenho diabetes, tomo medicação controlada e não conto com ninguém para buscar remédio ou alimentação. Sou sozinho. Chegaram a me pedir R$ 50 para irem à farmácia para mim. Tive que vir no Centro porque liguei várias vezes para a Farmácia Municipal e ninguém me atendeu.

Luis Carlos, que é morador da Vila Medianeira, reforça que fica apavorado com as notícias a respeito do vírus. Mas entre tantas preocupações, ele ainda tem que controlar a glicose.

- Para isso, dependo das fitinhas que vem do município. Como não consegui pedir por telefone, me obriguei a sair - desabafa.

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Foto: Pedro Piegas (Diário)
Luis Carlos precisou sair na rua na manhã deste sábado

SEM OPÇÃO
Também aposentado, Paulo Antonio Weigert, 71 anos, tem se protegido do jeito que pode. No entanto, sair de casa faz parte da rotina de cuidados que dedica à família. Ciente da gravidade dos sintomas da Covid-19 em pessoas da idade dele, comenta que segue uma alimentação saudável, procura manter distância para conversar, controla a pressão arterial e tem os exames de saúde em dia.  

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- Infelizmente, para mim o isolamento não é uma opção. Minha esposa é aposentada por invalidez e tem dificuldade de se locomover. Minha filha tem problemas neurológicos, causados por um acidente. Não temos mais ninguém e tampouco condições de pagar para fazerem compras para nós. Até agora, não conseguimos ajuda sem custos. Sei que estou correndo riscos - afirma.

LOTÉRICAS
Na sexta-feira à noite, a Justiça derrubou o decreto do presidente Jair Bolsonaro que liberava igrejas e casas lotéricas para abrirem ao público. Proprietário da Casa Lotérica Nativa, em Santa Maria, Marcos Vinícius Brasil, acredita que o serviço é essencial, principalmente nesta época que já é de pagamento de salários, retirada de bolsa família e de benefícios do INSS. Ele aguarda o posicionamento da prefeitura para fechar, caso seja essa a decisão do Executivo. 

- Até segunda ordem, abriremos das 8h às 18h. Só na sexta, atendemos mais de mil pessoas durante o expediente. Tomamos todas as medidas possíveis de segurança, como limitar horários somente para idosos, controlar o distanciamento entre as pessoas e disponibilizar álcool gel na entrada - explica.

Marcos diz, ainda, que as outras casas lotéricas da cidade estão se organizando, gradativamente, para reabrir. Segundo ele, as agências bancárias, que também estão com o efetivo reduzido, não dariam contas da demanda neste momento.

- Estamos prontos a respeitar a decisão do governo municipal. Se tivermos que fechar, fechamos de novo. Se ficar aberto, vamos separar duas horas, no mínimo, para atendimento exclusivo ao público idoso - reforça ele.